O que as sociedades ancestrais sabiam sobre fertilidade (e a gente esqueceu)
Como a alimentação pode apoiar a fertilidade nos dias de hoje
Esses dias me deparei com alguns artigos que falam sobre fertilidade em sociedades ancestrais, e me chamou atenção o fato de que a alimentação das mulheres em idade fértil e dos jovens recém-casados era uma prioridade. Existia uma intenção clara de nutrir o corpo antes da concepção. Esse cuidado fazia parte da cultura, da rotina, do senso coletivo.
Resolvi trazer aqui um pouco do que encontrei nesses estudos e comparar com o que vivemos atualmente, refletindo sobre como podemos nos inspirar na alimentação ancestral para apoiar nossa fertilidade e aumentar as chances de concepção.
Lembrando que fertilidade é sinônimo de vitalidade e saúde, e que cuidar dela também é importante mesmo quando não há a intenção de engravidar.
Um corpo nutrido é um corpo fértil
Em várias culturas tradicionais, como entre os caçadores-coletores da África, os aborígenes australianos ou povos indígenas das Américas, a fertilidade era tratada como parte da saúde e da continuidade da vida. Não era vista como algo isolado, mas como reflexo de um corpo bem nutrido e em equilíbrio com o ambiente.
As dietas nessas populações eram naturalmente densas em nutrientes. Alimentos como ovos, fígado, peixes gordurosos, raízes, frutas sazonais e leite cru faziam parte da base alimentar. Mulheres em idade fértil ou prestes a se casar eram incentivadas a comer mais desses alimentos, especialmente os ricos em gorduras boas, vitaminas lipossolúveis e minerais.
A alimentação dessas sociedades, apesar de simples, era extremamente rica do ponto de vista nutricional. Além disso, o estilo de vida também contribuía, com menor exposição a toxinas ambientais, ausência de alimentos industrializados, contato constante com a natureza, mais movimento e níveis mais baixos de estresse.
A abundância de comida hoje não garante nutrição
Hoje vivemos uma realidade bem diferente. Muitas dietas modernas são ricas em calorias, mas pobres em micronutrientes essenciais. E muitos dos nossos hábitos alimentares e de estilo de vida contribuem para o aumento dos casos de infertilidade.
Dados mostram que uma em cada oito pessoas enfrenta dificuldades para engravidar, e a alimentação aparece entre as principais causas. Estudos associam o consumo de alimentos ultraprocessados, açúcar em excesso e gorduras trans a maiores riscos de infertilidade, especialmente por alterações na ovulação, qualidade do óvulo e do esperma.
Além disso:
— o estresse crônico
— uso prolongado de anticoncepcionais
— sono de baixa qualidade
— exposição constante a substâncias químicas que alteram a saúde hormonal
todos esses fatores presentes na vida moderna impactam diretamente o funcionamento do sistema reprodutor.
Nosso corpo precisa se sentir nutrido e seguro para ovular e sustentar uma gravidez. E isso vai muito além de um ciclo menstrual regular.
O que podemos reaprender e aplicar hoje?
Não se trata de romantizar o passado ou tentar viver como nossos ancestrais, mas de observar o que fazia sentido naquele estilo de vida e o que ainda pode ser adaptado para o mundo moderno.
Por exemplo:
— Comer comida de verdade. Priorizar alimentos minimamente processados, ricos em gorduras boas, fibras, proteínas completas, vitaminas e minerais.
— Reduzir o açúcar e os ultraprocessados, que desregulam os hormônios.
— Dormir melhor, respeitar os ciclos do corpo, buscar momentos de pausa e reconexão.
— Observar os sinais do corpo com mais atenção, entendendo o ciclo menstrual como um reflexo da saúde geral.
Fertilidade não é só sobre engravidar. É sobre o corpo entender que tem os recursos necessários para gerar uma nova vida.
Em muitas culturas tradicionais, a fertilidade era vista como um reflexo natural da vitalidade. Hoje, muitas vezes ela surge como um sinal de que algo dentro de nós precisa de atenção. Talvez o caminho esteja justamente em voltar ao essencial: nutrir o corpo com presença, intenção e escuta.
Se esse tema toca você, seja porque está tentando engravidar ou porque sente vontade de se reconectar com seu corpo de forma mais profunda, saiba que existe um caminho possível. E eu acredito que ele começa pela forma como comemos e nos relacionamos com a comida.
Não precisa ser complicado, restritivo ou cheio de regras. Pode começar devagar, com escolhas simples e intencionais, que respeitem seu momento e o que o seu corpo realmente precisa agora.
Com carinho,
Duda
@flourishwithduda